quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Zi'Ntonio mare - Marina Grande - Sorrento - Italia


Há sitios onde se vai uma vez na vida só porque.
Se tornarei a Sorrento (Sorriento para o dialecto napolitano) não sei; mas fica aqui a memória gustativa o retrato palatal de tal passagem em Restaurante/esplanada de sonho, em sitio de previlégio, ao fim duma tarde de Verão, apaixonado e a dois, como se a vida não tivesse chatices nem amanhã.
Toalhas adamascadas, serviço entre o granfino e o eterno trapalhão italiano, onde o factor humano acabaria por triunfar, quando descoberto foi que eramos portugueses postos ali, no fim da Costa de Amalfi, cumplices de sempre nestas coisas de saber saborear e ver o mar.
O pão judaico - boccacia - lembra a proximidade mediterranica e as cumplicidades da História, enquanto um delicioso branco Fiano 2007, Cantina del Taburno cria o ambiente perfumado de sabores.
A antipasta obrigatoria trazia delicias do mar à casa e o risotto de peixes S. Pietro foi de comer e chorar por mais. A fantasia do mar trazia lulas, mexilhao, camarões e polvo com salsa picada.
Ao fim da refeição Torna a Sorriento melancolico, entre outros temas napolitanos troaram na noite a beira mar, trazidas pela orquestra da casa. O patrão veio à mesa conhecer-nos e fazer simpatia, tal como o chefe, coisa q por cá nem sempre lembra.
Na sobremesa, compartilhamos tarte de moranguitos bebés a saber a morango e um delicioso conjunto atartado de figos, nozes e babá, dá para imaginar?...
Juntem a tudo isto o Verão. O golfo de Sorrento, ali mesmo, frente à Capri, onde, no dia seguinte, iriamos fazer compras, quase encontrando o "nosso" Ronaldo, andava ele encantado com a Nereida - isto é, ainda não tinha percebido bem o que ela queria dele...
Ora bem, tudo somado... vinte valores é pouco.
Há noites que nunca esquecem, com efeito.
Repito.
Se torno a Sorrento, como na conhecida ária napolitana, não sei.
Mas vontade, nunca me vai faltar...


Resumo

Sala/Mobiliário ****; Porções***; Tempo de espera****; Confecção ****; Serviço ****; WC *** Estacionamento *; Ambiente *****; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$$$

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Tulha - Rua Formosa - Ponte de Lima


É um espaço lindo, de pedras em granito aparentes e comida do norte, genuína e sem inventar. Dos melhores a fazer papas de sarrabulho, com a tripa enfarinhada e o sangue cozido, a negra de cebola, as carnes, tudo como pertence e as feijoadas a sério, daqueles em que choramos no fim por termos de acabar.
Em Ponte de Lima há um ambiente permanente que conduz ao prazer da mesa. O convívio dos bons amigos no Norte faz-se disso. E tem Restaurantes preciosos como o clássico e distinto Carvalheira; o popular Sonho do Capitão, ali bem perto; a Encanada - da terrível Rosinha, uma querida amiga; o Açude, de vista para o Rio Lima, que pertence ao sr prior, homem que, nas horas de intervalo da fé, é o dono cauteloso e quase diria jesuítico e minucioso, como é preciso; o escondido Manuel Padeiro, enfim, tantos outros.
Todos com uma decoração regional e vistas interiores ou exteriores, por vezes esplanadas agradáveis, que conferem dignidade às salas de prazer.
Eu devo adiantar que sou suspeito ao falar de Ponte de Lima, que é quase como uma terra adoptiva para mim, tantos e tão bons são os amigos que por lá tenho. Mas um dia com tempo , se puderem subam a rampinha e vão à Tulha.
Não nas Feiras Novas, carago! Aí é de dar em doido, e só com reserva de alto gabarito e elevados empenhos. Por outro lado, as carnes são sempre boas e o medalhão da casa derrete-se na boca. Acompanhei com um Quinta da Peceguina branco que esteve divinal. E houve tempo para provar uns pasteis de bacalhau de entrada que eram muito bem feitos e presunto cortado na hora, que cumpriu perfeitamente.
Mas de preferência, claro, vá durante o ano, sem romarias. Sente-se e deixe-se conduzir. Vai sempre gostar.
Um dia, nas Feiras Novas, perguntei ao chefe Rogério quando fechava a cozinha; e ele respondeu-me com aquele ar de quem já sabe bem o que é resistir até ao fim : Só quando adormecer!
É assim o povo do Norte. Festeiro até cair. Na ultima vez que lá fui 400 tocadores de concertina tocavam pelas ruas na noite de sábado maior das Festas. Inesquecível.
Garrafeira não muito ampla, mas de qualidade. Poucos vinhos alentejanos, a meu ver. Espaço muito bonito, com classe. Serviço sempre simpático mesmo nas enchentes.
Amesendação bem feita, guardanapos de pano a pedido, sobremesas caseiras. Estacionamento muito difícil, a não ser que, como eu, seja convidado do Presidente e ande num daqueles carrinhos eléctricos que passam por todo o lado...
Preço médio a superior dependendo da escolha dos vinhos.

Resumo

Sala/Mobiliário ****; Porções****; Tempo de espera**; Confecção ****; Serviço ***; WC *** Estacionamento *; Ambiente ****; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

o Poiso do Besouro - Chamusca






Uma sala grande de forro e traves em madeira, à antiga.
Simpatica tertúlia tauromáquica e gastronómica que, desde a sua fundação há talvez uns 30 anos, mantem a culinária do velho Ribatejo da borda de água num nível de preservação de valores e sabores muito digno
Prouve a couve a soco, o bacalhau à chiqüelina (talvez com tomate e pimento a mais mas como eu os compreendo com tantos hectares e hectares de bom tomate e pimento, ali mesmo ao estender da mão no meio dos fabulosos e úberes campos da Chamusca...),a carne de miga temperada como se fosse para chouriço, o bife da casa, a bandarilha etc sao coisas que terá de descobrir devagar; e já agora a entrada de petingas de cebolada é de comer e chorar por mais. As petingas comem-se inteiras.
Espaço de decoração agradavel e comida bem executada. Amesendação e decoração típicas serviço simpático, museu vivo de aficion para os interessados nas coisas dos toiros.
Vinhos da casa satisfazem mas há sempre possibilidade de recorrer a uma carta de vinhos muito apreciavel.
Merece visita com tempo aproveitando um passeio na região templária.
Localização dentro da vila da Chamusca bem assinalada, mas não deixa de estar um pouco escondido.
Parque dificil.

Apreciação

Resumo

Sala/Mobiliário ****; Porções****; Tempo de espera***; Confecção ****; Serviço ***; WC *** Estacionamento *; Ambiente ****; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Servir ou nao servir,... eis a questao

Nem sempre acordamos bem dispostos, lindos, extravagantes e com gosto de viver. Mas é preciso ultrapassar a vida, enfrentar a crise, navegar por dentro da esperança e acreditar sempre.
Nem sempre um cliente tem razao, mas há que fazer de conta que sim.
O problema é que na maior parte das vezes o waiter faz-nos esperar, ao contrario do que deveria ser, até pela designação do próprio nome. To wait table é servir com atenção uma mesa, estando atento a todos os sinais que dela emanam.
Assim não aconteça e o fulano não sabe o que deve ser.
Ora em Portugal infelizmente, é vulgar que no Verão - precisamente quando há mais e melhor assédio de clientela supostamente ávida e provida de meios para o consumo...- há uma necessidade de empregados de mesa muito excedente à oferta qualificada. E o cavalheiro que é vagamente pedreiro, motorista, talhante, escriturário, etc, passa a fazer uns biscates, servindo em restaurantes e esplanadas, casamentos, batizados, enfim...onde conseguir.
Nada sabe do q é servir a uma mesa, excepto talvez que tem de levar os pratos e, do melhor jeito que puder, nao entornar as travessas para cima dos clientes.
Tudo o mais passa-lhe ao lado e ninguém lhe ensinou previamente.
Assim servem e retiram pratos pelo lado que der mais jeito, ignoram os clientes, retardam o serviço por negligência ou imbecilidade, buscam com evidentes sinais de enfado enrolar a manta quando a sua hora de saida se aproxima, desconhecem q se deve servir as senhoras da mesa em primeiro lugar, que os pratos devem vir quentes, os copos devem ser postos nos sitios certos, mostrar e dar a provar as garrafas de vinho escolhidas antes de encher os copos do pessoal, evitar excessivas intimidades, ou até, sequer, que não se deve coçar a braguilha nem falar alto, etc
É talvez a grande diferença que nos distingue, infelizmente pela negativa, da chamada Europa civilizada. E ai do que não se chega a dar conta disso. Porque nesse entreacto, está a ter um comportamento fossilizado e alarve na desculpa de um indesculpável e vergonhoso modo de viver nacional, perante o qual não pode haver tolerância. Porque nos afecta a todos.
Para servir a uma mesa é preciso saber. Há já escolas para isso. E quem sabe, por estudo ou experiência, faz a diferença. Quem não sabe nao devia sequer estar ali. Em muitos paises não estaria.
E a ASAE, que é tao atenta a ninharias estúpidas e imbecis, por vezes, nao enxerga uma grosseira enormidade à frente do nariz no que respeita a serviço.
Na hora de nos sentarmos a uma mesa merecemos tudo. Ate porque é suposto nao sairmos dali sem pagar.
Haja senso educação e saber.
Servir ou nao servir - bem - eis a questao

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Restaurant Cafe de l'Opera - Paris



Um ar de boémia e arte nas paredes ate dizer caramba. Um ambiente feérico de movimento, bom gosto e joie de vivre.
Comida banal para mim, um misto de francesa e internacional com algumas artes marroquinas como o cous cous.
Compete assinalar um steak tartare dos mais completos que já vi; mas lamentavelmente tal embrulhamento de carne crua não faz parte da minha religião culinária.
Carne mal passada - sim, sempre, como pertence; mas crua e trucidada por tantos sabores, sinceramente nunca me satisfez.
Apresentação brilhante dos pratos.
Provei moules marinieres e um entrecote tenrissimo, acompanhado de haricots verts, cogumelos e tomate cereja.
Mas sobretudo trata-se de um local com um serviço fascinante de verdadeiros performers capazes de encenar uma disputa extravagante ou uma anedota real só para nos fazerem felizes.
Com empregados assim a servirem a mesa sentimos que o espectáculo esta montado e que no fundo apenas nos compete o privilegio de o usufruir.
Sobremesas colossais na confecção e na apresentação.
Carta de vinhos franceses muito abrangente.
Ambiente seleccionado mas popular aos almoços.
Preço muito acessível para a performance dos garçons.
Voltarei sempre.

Resumo

Sala/Mobiliário ****; Porções**; Tempo de espera**; Confecção ****; Apresentação dos pratos***** Serviço *****; WC *** Estacionamento *; Ambiente ****; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$$

terça-feira, 12 de maio de 2009

os 3 pipos

Tonda
Tondela



Trata-se de um espaço bem aproveitado com três salas típicas e uma confecção aprimorada.
À beirinha de Tondela, a não falhar.
Provei apenas o Bacalhau com broa e o cabrito à moda da casa com batatinhas no forno mas vi na ementa toda uma plêiade de outros pratos regionais - polvo à lagareiro, arroz de carqueija com entrecosto...- que, ao passarem ao meu lado, para felizes destinos em mesas vizinhas, aparentavam e perfumavam com indícios de boa confecção.
Amesendação correcta, guardanapos de pano, serviço um pouco atrapalhado, se estiver com pressa.
Mas pressa para quê? Leve tempo, pois o local merece e as sobremesas também.
Confesso que pequei. Mais. Acho que terei comido nos 3 pipos o melhor pudim Abade de Priscos da minha longa vida de provações e pecados de mesa.
Estacionamento limitado e ambiente beirão, classe media alta.
Preços conforme os vinhos, claro. Mas também aí provei uns Dão tintos que não estava à espera com taninos suaves, muita fruta e temperamento quase alentejano, cheio de sol e sabor.
Aconselho a visita vivamente aos 3 Pipos, se andar perdido pela zona de Tondela.

obs.- os pratos deviam vir aquecidos à mesa... vá lá...corrigir esse pormenor!

Resumo

Sala/Mobiliário ****; Porções***; Tempo de espera**; Confecção ****; Serviço ***; WC *** Estacionamento **; Ambiente ****; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$$

sábado, 4 de abril de 2009

Restaurante o Alto Pina

Rua do Alto Pina , nº 1
Alcorochel - Torres Novas

O Aguinaldo e a Susete são um casal adorável e simpático com paixão pela cozinha.
Decidiram há tempos dedicar-se à restauração. Mudaram-se recentemente para este espaço ignoto e sem direito a vir nas rotas do mundo gastronómico. É com efeito, um refúgio, sem direito a badalação, nem mordomias ou cardápio de texto especial.
O sortilégio mesmo é a cozinha de dedo apurado.
Nao procure por empregados, pois o serviço é garantido pela família e depende muito dos humores do patrão e das suas disponibilidades uma vez que se divide por multiplas e diversas actividades. Uma delas, por acaso, é concomitante com o Restaurante - a criação de perdiz de campo em mangas de voo amplas, com sabor proximo da perdiz de caça, portanto. Por isso, a sua perdiz no tacho de barro ser relativamente facil de encomendar.
Mas faz questão de ter sempre porco preto ou peixe fresco para grelhar. Aos domingos o cozido convoca uma dose extra de visitantes. O galo de cabidela ou fricassé, o cabrito no forno com arroz de miúdos, o simples bife da vazia mal passado, o fricassé de safio - uma originalidade... q tem de ser feita com a posta aberta do peixe, como é obvio...- tudo convoca a uma visita.
Doçaria variada, por vezes algumas especialidades conventuais a não perder.
Espaço escondido mas limpo com toalhas de papel. Vinhos do lavrador e queijos da regiao ou de Malpica do Tejo (artesanais e fabulosos)
Uma ar de tertúlia casual, sem hora marcada, nem pressas de viver.
Esplanada no Verão.
Experimente e nao vai deixar de ficar cliente.
Casas de banho amplas. Estacionamento em pátio próprio.
Ambiente popular e sem aparatos nem elegâncias. Muros em volta descuidados, café ao lado com matraquilhos por vezes ruidosos e paisagem exterior a melhorar urgentemente, mas simpatia, confecção caseira e afabilidade no seu melhor.

Resumo

Sala/Mobiliário **; Porções***; Tempo de espera***; Confecção ****; Serviço ***; WC *** Estacionamento ***; Ambiente ***; Grau de satisfação geral ****
Preço $$/$$$

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Adega da Marina

Avenida dos Descobrimentos 35
8600 045 Lagos


Há sítios que parecem na altura apostas arriscadas, mas que resultam.
Se há 15 anos me dissessem que, ocupando um espaço enorme de telha vã em plena cidade de Lagos, com todo o seu cosmopolitismo de tantas e tão variadas nacionalidades, gostos e preferências, a coisa iria pegar eu, se calhar, torcia o nariz. Popular e cosmopolita ao mesmo tempo, é sempre um compromisso difícil. Mas deu!
Porque, se há hoje um local de referencia em termos de espaço que se constituiu com o tempo numa verdadeira catedral, uma espécie de sala de recepções oficiosa da cidade, esse é, seguramente, a Adega da Marina.
Não pela sua excepcional confecção - que não é má, atendendo ao espaço que constitui e ao publico alvo que pretende...- mas pela enorme alegria.
Aconselho os choquinhos fritos à algarvia, o frango à Guia, o bacalhau desfeito ou o naco de carne.
Aproveite e descontraia. Fale à vontade com os parceiros do lado em italiano, alemão, espanhol, inglês... se for poliglota tem ali o paraíso. Se amar a vida também.
Ir à adega da Marina é terapêutico. Os médicos e psicólogos de todo o Mundo deviam prescrever nas suas receitas.
O pessoal é atento e simpático e a confecção repito, agradável e não deslustra.
De vez em quando aparecem berbigão e mexilhão de categoria. O mar ali em frente é que manda.
Música ambiente e um sorriso na boca de toda a gente. Gente bonita.
Preço muito popular.
Tentador não?

Resumo

Sala/Mobiliário ***; Porções***; Tempo de espera***; Confecção ***; Serviço ***; WC *** Estacionamento **; Ambiente ****; Grau de satisfação geral ****
Preço $$