quarta-feira, 2 de julho de 2008

O Galito

Rua da Fonte 18 D
Carnide
Lisboa



Descobrir um novo espaço de restauração onde não nos enganam na qualidade é sempre agradável.
Infelizmente a restauração - que passa ela própria por problemas com o custo dos transportes, o custo acrescido das matérias base e a perda de poder de compra motivada pela crise geral que se vive…- tem tendência, por vezes, para resolver as questões de forma errada.
Ou minguando as doses e tornando o serviço famélico; ou diminuindo o número de funcionários de atendimento e tornando o serviço lento e trapalhão; ou pondo preços exorbitantes e tornando a procura difícil; ou comprando matérias-primas de qualidade inferior e baixando o nível culinário. Enfim, em nenhum destes casos se pode falar de inteligência, compensação e equilíbrio. E provavelmente são casos em que o desespero, a breve prazo, dará lugar à falência ou à retirada.
Há um compromisso de qualidade e seriedade que, por vezes, demora tempo a ser percebido pelo comerciante de hotelaria, mas que passa pelo acto axiomático de nunca enganar o cliente. Isto é, todas as manobras contabilísticas são possíveis, os actos de compra de onde e como forem, a inventiva e a criatividade aproveitadora mais ou menos apurada, mas o que surge no prato tem de estar bem.
É o que se passa no Galito, perto da Igreja da Luz. O convívio é são e franco, talvez até um pouco barulhento, mas sempre num nível de ambiente bem alegre e de nível civilizado. Há uma atmosfera de “bistro”, num espaço aconchegado, convivencial. A decoração é simpática, a carta apelativa, com boa escolha de vinhos, sobretudo alentejanos (provámos um Crescendo, que era o vinho da semana, que não conhecíamos e não esteve mal) e a confecção de muito boa nota.
A especialidade da casa é a cozinha alentejana com os pezinhos, as açordas, a miga, o arroz de coentros (divinal), o galo e o cação frito, a sopa de beldroegas com queijo, o gaspacho, uma curiosa sopa de favas com pastéis de bacalhau e, por fim, as sobremesas conventuais, onde não falta o pão de rala e outras gulodices adequadas e rebentativas.
Amesendação com toalhas e guardanapos de pano, empregados de jaleca negra, serviço de cozinha talvez demasiado lento, serviço de sala atento, mas já se sabe, uma sala cheia nunca permite infelizmente aquela simpatia suplementar que desejamos sempre receber e que faz a diferença. Provamos em conjunto além das agradáveis entradas o galo frito e a miga que estavam bem confeccionados e o arroz de coentros que estava excepcional. Esperamos demasiado devido ao afluxo de uma sala completamente lotada. As porções são regulares. Uma nota - os pratos mereciam vir aquecidos.
O Galito é um local in e, mesmo à noite, a marcação de mesa impõe-se. Nem sempre, como já aqui tantas vezes referi, isso significa o que quer que seja, pois estar na moda pode não significar merecimento, mas neste caso a comida tem boa qualidade, o local, apesar de um pouco acanhado, é mesmo simpático e a potencialidade de convívio uma agradável evidência.
Preço um pouco acima da média, mas sobretudo variável conforme a escolha de vinhos.

Resumo

Sala/Mobiliário ****; Porções***; Tempo de espera*; Confecção ****; Serviço ***; WC *** Estacionamento **; Paisagem/Ambiente ***; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$$