segunda-feira, 28 de maio de 2012

Paraíso do Zêzere
Zaboeira
Vila de Rei

O nome não parece muito criativo mas denota a paixão verdadeira pelo rincão escondido onde tudo aconteceu. A mínima localidade de Zaboeira junto ao Zêzere.
D. Ilda na cozinha, e seu filho Pedro, na sala, tornaram este Restaurante um dos meus pousos secretos de qualidade e lavagem de alma.
Espaço amplo demasiado até para o abrigo que eu gostaria de sentir. Mas uma particularidade ambiente dificílima de encontrar - fundo ambiente sempre e exclusivamente de musica clássica, com preferência por musica italiana e barroco. Como escorrega bem tal companhia para os pratos de sabor que nos regalam...
Para mim só as entradas já seriam pecado suficiente pois a zona de enchidos neste pais tem uma representação de grande qualidade na floresta central ou, se quiserem na região templaria.
Caminhos.
Para mim, vou por Tomar e Ferreira do Zêzere e ando mais uma dúzia de kms se tanto, viro à esquerda. Mas passando o rio, o concelho já é Vila de Rei. Pode optar por seguir a A23 e virar em Abrantes para a Sertã. Só que o troço desde a sede de concelho até lá a baixo à Zaboeira é curvo e complicado. Há que descer ate à barragem, mesmo ali, em pleno Castelo de Bode e então ficar por ali, contemplando a agua e a floresta, ouvindo Vivaldi Albinoni Salieri ou Mozart e saboreando a melhor sopa de peixe do mundo.
Normalmente peço achegã grelhado com molho de coentros que para mim é divinal mas escolha por si e vai seguramente prometer voltar.
Serviço cinco estrelas no meio de coisa nenhuma, selecção de musica de fundo superlativa, confecção feita com amor. Que mais pedir?
Silencio - que este é um dos sítios que é só para amigos e gente de gosto...


Sala/Mobiliário ***; Porções***; Tempo de espera***; Confecção *****; Serviço *****; WC *** * Estacionamento ***; Ambiente ****; Grau de satisfação geral *****
Preço $$$

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Café Correia

Rua do Correio
Vila do Bispo


Manda a justiça que, mesmo sem a periodicidade  nem a regularidade que eu próprio desejaria, passe por aqui tal como o chef passa pelos tachos rectificando temperos e dando verdade aos seus piteus.
Assim, também eu desejava reafirmar a seguinte verdade universal - ninguém é igual todos os dias. Isto vem a propósito de algumas criticas aqui efectuadas em que - precisamente por se tratar de cozinha alternativa, artesanal e familiar - as coisas estão especialmente sujeitas a não correrem bem um dia e revelarem capacidades excepcionais noutros dias.
Vem isto a propósito de algumas visitas em que hoje, relendo a critica efectuada, infelizmente alguma injustiça haverá; tanto no elogio - que deixou de ser justificado, por se ter caído na vulgaridade e no desleixo, deixando factores pessoais interferirem na qualidade da restauração e na imaginação e disponibilidade criativa das pessoas, como na critica negativa, por algumas coisa terem melhorado com o tempo. Vejamos:- não há injustiça de minha parte, pois naquele momento e naquela hora e naquela visita, contei tudo o que senti e fui, como sempre, honesto. Mas fenómenos evolutivos em alguns casos - infelizmente a maioria...involutivos - perderam o fulgor das primeiras horas e o clima de tertúlia que os notabilizavam. Alguns por aqui estarão  que são disso exemplo. Flutuam demais.
Mas há um espaço de memoria bem negativa, a que, pelo contrario, regressei uns muitos anos depois, e desta feita só posso dizer bem. A visita foi numa condição bem diferente da primeira vez - esta como convidado de honra do Município e do seu Presidente, no dia do Município, precisamente...- e lá reentrei no Café Correia, Vila do Bispo, onde a pecha de um atendimento historicamente antipático, delirante, mal educado e sistemático me impediu de entrar vários anos. E tudo se tornou diferente.
Fui desta vez surpreendido com o esforço de uma cortesia exemplar e uma qualidade gastronómica muito apurada, tanto na sopa de peixe, como na potra recheada caseira, como no xarem, para quem goste, nas favas cozidas e sobretudo no sabor da massa com peixe - coisa de que nem sequer sou especialmente fan - e da tomatada de polvo, excepcional. Tudo fazendo esquecer o coelho com batata cozida insosso e sem graça que, um dia, depois de muito ser insultado e maltratado, há muitos anos lá comera. Nada me custa menos que retirar pois ao Café Correia o labéu de local interdito e amaldiçoado para sempre. De facto -talvez aconselhado de dentro para fora...- verifico que alguém houve que teve o discernimento e o bom senso de fazer encaminhar as coisas para um trajecto apenas normal de cortesia que se impõe entre clientes e pessoal de serviço (neste caso a própria família proprietária ) do restaurante. O que, em conjunto com a qualidade da gastronomia do chefe - o pai Correia, o cair em si da proprietária e a progressiva influencia do filho do casal, como intermediario de bom senso, só podem beneficiar e manter este espaço como porta de referencia gastronómica no barlavento algarvio. Oxalá.
Ali bem perto, aliás, para mim, ainda cumpre uma "pena" de mais de dez anos já, a Tasca de Sagres, de onde no Verão se desfruta de uma das mais maravilhosas vistas do Algarve para se jantar cedo, mas onde infelizmente, tanto o tempo de serviço, como a qualidade de comida, os jogos cúmplices e aldrabonicos com as marcações das mesas com melhor vista e a grosseria que ouvi de algumas observações do pessoal me têm impedido de entrar, enquanto me recordar dessas ultimas vezes em que lá fui, há tanto tempo já. Mas enfim.
Dez anos decorridos, já é tempo, e um dia destes lá irei experimentar de novo, para ver se aprenderam alguma coisa. Primeiro porque o pessoal muda, e depois porque a vida ensina-nos coisas...
E terei todo o gosto em rectificar classificação com alegria, se isso acontecer, tal como desta vez o faço - não deslumbradamente mas por verdadeiro merecimento humano e culinário - ao Café Correia de Vila do Bispo.

Resumo

Sala/Mobiliário ***; Porções***; Tempo de espera**; Confecção *****; Serviço ***; WC *** Estacionamento **; Ambiente ***; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$/$