sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Tulha - Rua Formosa - Ponte de Lima


É um espaço lindo, de pedras em granito aparentes e comida do norte, genuína e sem inventar. Dos melhores a fazer papas de sarrabulho, com a tripa enfarinhada e o sangue cozido, a negra de cebola, as carnes, tudo como pertence e as feijoadas a sério, daqueles em que choramos no fim por termos de acabar.
Em Ponte de Lima há um ambiente permanente que conduz ao prazer da mesa. O convívio dos bons amigos no Norte faz-se disso. E tem Restaurantes preciosos como o clássico e distinto Carvalheira; o popular Sonho do Capitão, ali bem perto; a Encanada - da terrível Rosinha, uma querida amiga; o Açude, de vista para o Rio Lima, que pertence ao sr prior, homem que, nas horas de intervalo da fé, é o dono cauteloso e quase diria jesuítico e minucioso, como é preciso; o escondido Manuel Padeiro, enfim, tantos outros.
Todos com uma decoração regional e vistas interiores ou exteriores, por vezes esplanadas agradáveis, que conferem dignidade às salas de prazer.
Eu devo adiantar que sou suspeito ao falar de Ponte de Lima, que é quase como uma terra adoptiva para mim, tantos e tão bons são os amigos que por lá tenho. Mas um dia com tempo , se puderem subam a rampinha e vão à Tulha.
Não nas Feiras Novas, carago! Aí é de dar em doido, e só com reserva de alto gabarito e elevados empenhos. Por outro lado, as carnes são sempre boas e o medalhão da casa derrete-se na boca. Acompanhei com um Quinta da Peceguina branco que esteve divinal. E houve tempo para provar uns pasteis de bacalhau de entrada que eram muito bem feitos e presunto cortado na hora, que cumpriu perfeitamente.
Mas de preferência, claro, vá durante o ano, sem romarias. Sente-se e deixe-se conduzir. Vai sempre gostar.
Um dia, nas Feiras Novas, perguntei ao chefe Rogério quando fechava a cozinha; e ele respondeu-me com aquele ar de quem já sabe bem o que é resistir até ao fim : Só quando adormecer!
É assim o povo do Norte. Festeiro até cair. Na ultima vez que lá fui 400 tocadores de concertina tocavam pelas ruas na noite de sábado maior das Festas. Inesquecível.
Garrafeira não muito ampla, mas de qualidade. Poucos vinhos alentejanos, a meu ver. Espaço muito bonito, com classe. Serviço sempre simpático mesmo nas enchentes.
Amesendação bem feita, guardanapos de pano a pedido, sobremesas caseiras. Estacionamento muito difícil, a não ser que, como eu, seja convidado do Presidente e ande num daqueles carrinhos eléctricos que passam por todo o lado...
Preço médio a superior dependendo da escolha dos vinhos.

Resumo

Sala/Mobiliário ****; Porções****; Tempo de espera**; Confecção ****; Serviço ***; WC *** Estacionamento *; Ambiente ****; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

o Poiso do Besouro - Chamusca






Uma sala grande de forro e traves em madeira, à antiga.
Simpatica tertúlia tauromáquica e gastronómica que, desde a sua fundação há talvez uns 30 anos, mantem a culinária do velho Ribatejo da borda de água num nível de preservação de valores e sabores muito digno
Prouve a couve a soco, o bacalhau à chiqüelina (talvez com tomate e pimento a mais mas como eu os compreendo com tantos hectares e hectares de bom tomate e pimento, ali mesmo ao estender da mão no meio dos fabulosos e úberes campos da Chamusca...),a carne de miga temperada como se fosse para chouriço, o bife da casa, a bandarilha etc sao coisas que terá de descobrir devagar; e já agora a entrada de petingas de cebolada é de comer e chorar por mais. As petingas comem-se inteiras.
Espaço de decoração agradavel e comida bem executada. Amesendação e decoração típicas serviço simpático, museu vivo de aficion para os interessados nas coisas dos toiros.
Vinhos da casa satisfazem mas há sempre possibilidade de recorrer a uma carta de vinhos muito apreciavel.
Merece visita com tempo aproveitando um passeio na região templária.
Localização dentro da vila da Chamusca bem assinalada, mas não deixa de estar um pouco escondido.
Parque dificil.

Apreciação

Resumo

Sala/Mobiliário ****; Porções****; Tempo de espera***; Confecção ****; Serviço ***; WC *** Estacionamento *; Ambiente ****; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Servir ou nao servir,... eis a questao

Nem sempre acordamos bem dispostos, lindos, extravagantes e com gosto de viver. Mas é preciso ultrapassar a vida, enfrentar a crise, navegar por dentro da esperança e acreditar sempre.
Nem sempre um cliente tem razao, mas há que fazer de conta que sim.
O problema é que na maior parte das vezes o waiter faz-nos esperar, ao contrario do que deveria ser, até pela designação do próprio nome. To wait table é servir com atenção uma mesa, estando atento a todos os sinais que dela emanam.
Assim não aconteça e o fulano não sabe o que deve ser.
Ora em Portugal infelizmente, é vulgar que no Verão - precisamente quando há mais e melhor assédio de clientela supostamente ávida e provida de meios para o consumo...- há uma necessidade de empregados de mesa muito excedente à oferta qualificada. E o cavalheiro que é vagamente pedreiro, motorista, talhante, escriturário, etc, passa a fazer uns biscates, servindo em restaurantes e esplanadas, casamentos, batizados, enfim...onde conseguir.
Nada sabe do q é servir a uma mesa, excepto talvez que tem de levar os pratos e, do melhor jeito que puder, nao entornar as travessas para cima dos clientes.
Tudo o mais passa-lhe ao lado e ninguém lhe ensinou previamente.
Assim servem e retiram pratos pelo lado que der mais jeito, ignoram os clientes, retardam o serviço por negligência ou imbecilidade, buscam com evidentes sinais de enfado enrolar a manta quando a sua hora de saida se aproxima, desconhecem q se deve servir as senhoras da mesa em primeiro lugar, que os pratos devem vir quentes, os copos devem ser postos nos sitios certos, mostrar e dar a provar as garrafas de vinho escolhidas antes de encher os copos do pessoal, evitar excessivas intimidades, ou até, sequer, que não se deve coçar a braguilha nem falar alto, etc
É talvez a grande diferença que nos distingue, infelizmente pela negativa, da chamada Europa civilizada. E ai do que não se chega a dar conta disso. Porque nesse entreacto, está a ter um comportamento fossilizado e alarve na desculpa de um indesculpável e vergonhoso modo de viver nacional, perante o qual não pode haver tolerância. Porque nos afecta a todos.
Para servir a uma mesa é preciso saber. Há já escolas para isso. E quem sabe, por estudo ou experiência, faz a diferença. Quem não sabe nao devia sequer estar ali. Em muitos paises não estaria.
E a ASAE, que é tao atenta a ninharias estúpidas e imbecis, por vezes, nao enxerga uma grosseira enormidade à frente do nariz no que respeita a serviço.
Na hora de nos sentarmos a uma mesa merecemos tudo. Ate porque é suposto nao sairmos dali sem pagar.
Haja senso educação e saber.
Servir ou nao servir - bem - eis a questao