domingo, 2 de março de 2008

Restaurante o Alazão

R Gilberto Rola, 21
Lisboa

Temos muitas vezes a sensação de que naquele dia era melhor ficar em casa, não é? Pois bem, a convite amigo, tentamos noutro dia, o Restaurante o Alazão.
Descrevamos.
O estacionamento é impossível, até ao exaspero, na Rua Gilberto Rola, local in de Restauração em Alcântara, pejada de comedouros de maior ou menor importância e qualidade. Por fim, desistimos pomos um letreiro a dizer olhe desculpe mas estamos em tal parte e ao que parece é mesmo assim. Estamos de novo num filme do Vasco Santana e António Silva. A Lisboa velha do desenrasca.
Uma pintura de alazão de Serrão de Faria na entrada, podia ser um bom prenúncio para uma saída feliz. Não foi.
A sala está dividida em duas e se havia uma imensa cauda de espera quando telefonamos, mesmo assim, ainda esperamos mais quando chegamos. Eram quase onze da noite quando começamos a comer.
Mesas e guardanapos de pano, lambril de madeira alto.
Entradas de cogumelos recheados de chouriço, e um presunto de bom corte, ambos razoáveis.
O serviço estava nitidamente perturbado por dois bandos barulhentos ao extremo que gritavam a sua animosidade, o relato de futebol, as proezas amorosas e tauromáquicas, enfim uma babel de barulho e confusão.
Sem nos perguntar sequer branco ou tinto, fomos convencidos a optar por um tinto do Douro que não conhecia: Sedinhas – Casas das Torres. Mesmo processo (embirro solenemente que me induzam pedidos sem dar a carta, será defeito meu?...) para uns joaquinzinhos com arroz de tomate e esparregado e depois para um prato forte da casa que é, ao que parece, a picanha de vitela na pedra.
O vinho comportou-se razoavelmente como um Douro com a leveza própria da região, mas parece-me exagerada a classificação de grande escolha.
Os carapaus estavam fresquíssimos e muito bem fritos e a carne, que já de si demorou, veio trocada, já cozinhada, ao contrário do que tinha sido combinado, pelo que teve de esperar-se ainda mais, desta vez para que a pedra aquecesse.
Sequencia? Nenhuma. O barulho continuava a aumentar. Cada pedido tinha de repetir-se duas ou mais vezes ate se conseguir satisfação. Nem pai e filho na sala, nem seguramente o outro pessoal na cozinha conseguiam corresponder as solicitações de tamanhas turbas esfaimadas. Ao aceitarem grandes grupos como estes os donos da casa deviam fechar as portas, sinceramente. Doutro modo, ao ganharem de um lado, perdem noutro. Deviam pensar nisso.
A distância entre pratos foi aproximadamente de 40 minutos. O esparregado e o arroz já estavam frios quando finalmente apareceu a vitela. Pequenos pedaços muito tenros mas rotos e sem apresentação, do acém redondo, com sua gordura portanto. Não valia a pena reclamar. A tentativa de simpatia personalizada, cedo morria abafada na confusão e na urgência de acudir a toda a parte com pessoal nitidamente a menos. Pai e filho davam a noção duma estrutura amadora, demasiado familiar, para as necessidades da noite. Assim não.
Os molhos que acompanham esta vitela barrosã, muito tenra aliás, são os clássicos de mayonaise com mostarda, molho tártaro, etc. Mas a pedra, aquecida à pressa, estava lenta. E a salada - habitual, ao que dizem - esqueceu.
A encerrar, provei a mousse de manga que era razoável.
Parece haver também dourada assada no pão e grelhada mista de peixe na pedra. Parece ser sossegado noutros dias. Parece que normalmente se come bem, dizem. Parece que os géneros básicos são de boa qualidade. Parece-me que os acompanhamentos nem sempre se adequam ao que acompanham. Parece que não costuma ser tão barulhento. Parece que a conta no fim estava enganada com o dobro do vinho que beberamos. Parece que o descafeinado afinal era café. Parece que a factura continua a ter de ser pedida como um extra. Por fim, parece ser demasiado caro para a qualidade de satisfação proporcionada, que foi ínfima.
O meu lamento. Mas o atendimento, o ambiente, as trocas, as confusões, o esfriamento e a espera atiram este comentário necessariamente para o muito negativo.
Parece-me que vou pensar bem antes de voltar.

Resumo:
Sala/Mobiliário *; Porções ***; Tempo de espera *; Confecção **; Serviço *; WC **; Estacionamento *; Paisagem/Ambiente *; Grau de satisfação geral *
Preço $$$$

3 comentários:

Anônimo disse...

muito interessante esse seu post. curioso perguntar quem lhe disse a si que era um bom gastronomo e que as suas criticas nao sejam tao envoltas em duvidas quanto as do guia michelin.

Anônimo disse...

Vou discordar completamente consigo, o Alazão é um restaurante muito bom...o peixe no pão? Fantástico, a vitela Barrosã na pedra? Muito boa! Pai e filho uma simpatia. Os cogumelos de entrada são a razão de muitos clientes e para terminar... As batatas fritas NÃO SÃO CONGELADAS!! Acho que devia voltar e rever a sua critica, caso contrário vai perder uma boa oportunidade gastronómica!

Anônimo disse...

Meu caro Senhor,
Depreendo que possa ser um grande crítico, mas confesso que já apanhei semelhante confusão à descrita por si, nos melhores restaurantes de Portugal. Para poder opinar,de facto, este restaurante,deve dar-lhe uma nova oportunidade...!(Todos falam do Gemelli, por exemplo, e eu considero...uma barraca!)Depois de comer um arroz de entrecosto com vitela barrosã (!!!) na pedra... não vai mais ter a mesma opinião! Quanto ao mobiliário, sou do Norte, pelo que preocupo-me ZERO com isso :) Fico muito mais aborrecida por estar a jantar num ambiente muito bem decorado, pagar uma nota preta e no final, chegar à conclusão de que pago a decoração (e não a comida) :)