terça-feira, 4 de março de 2008

Restaurante Mattos

R. Bulhão Pato, 2 - A
Lisboa

O Mattos é um restaurante não fumador, em rua com o nome de um histórico da gastronomia nacional, que conseguiu apesar da extensão marquisada, um ambiente de boa qualidade e excelente bem-estar, num espaço acolhedor, com o toque da madeira, incluindo lambris altos e traves no tecto, fornecendo aquele aspecto confortável, tradicional.
Ao sentarmo-nos, somos bombardeados por entradas sortidas, presunto cortado, alheiras, ovas, mexilhão, enfim, um nunca acabar de gulodices que atiram à fome no momento certo e é sempre difícil recusar.
A frequência atira para a classe média alta, já veremos porquê. Lamentavelmente, apesar dos guardanapos serem de pano, as toalhas são de papel. Um dado positivo – fornecem aventais a gosto aos comensais mais ventridotados, o que é sempre simpático e nos deixa menos aflitos com o perigo das nódoas.
Enquanto se espera a confecção, observei com atenção e dei-me ao trabalho de contar, em Carta de Vinhos excepcionalmente bem elaborada, doze verdes, dezoito Douros brancos e cento e três tintos (!); três Dão brancos e dezoito tintos; cinco Beiras tintos; um branco e dez tintos da zona Ribatejo / Oeste; onze Bairradas, dos quais um tinto; e vinte Alentejos brancos e nada menos de cento e onze tintos!!!
É uma garrafeira de se tirar o chapéu, das melhores e mais bem organizadas que tenho lido. Como a espera é imensa, houve tempo para tudo isso.
Pessoalmente provei as lulas da casa que vêm com um molho agradável embora um pouco forte, de pimentão vermelho e alho e acompanham com batata cozida ou arroz. Sinceramente achei que o arroz jogava melhor com a textura do molho; experimentei o esparregado, que, embora não estando mais gomoso como gosto, antes demasiado “pingão”, acabou por cumprir. Comigo estava quem pedisse peixe grelhado o qual teve ponto e cumpriu em qualidade.
Há ainda entre outras possibilidades um bacalhau à casa, posta alta, tipo lagareiro, robalo do mar, porco preto, posta mirandesa, vitela maronesa ( uma raridade de culto) bem como as picanhas e maminhas grelhadas. A boa apresentação e catadura das carnes começa na exposição visível desde a sala das peças respectivas, acondicionadas em arca de frio com vidro, como imagem de pré-consumo sempre simpática para os convivas desconfiados.
Serviço agradável e natural, com uma juventude sem tiques nem excessos formais, também aí no ponto certo.
Doces conventuais a preceito, incluindo os clássicos Abade de Priscos e Pão de rala, mas onde avulta um Premium da casa - o folhado com doce de abóbora, servido quente, de confecção simples mas que se revelou uma agradável surpresa.
Estacionamento difícil. Preço alto, sobretudo se se deixar tentar por tantos vinhos de preço proibitivo. O tal facto que, como já defendi anteriormente, não se aceita de todo num pais com a nossa qualidade e fecundidade produtiva em termos vinícolas.
Sabe bem ver um restaurante bem gerido, funcionando com simpatia e qualidade. Pena a espera demasiada, o preço alto e as toalhas de papel, que são coisas a melhorar. No resto o Mattos vai continuar a pontuar na restauração Lisboeta.

Sala/Mobiliário ****; Porções ***; Tempo de espera*; Confecção ***; Serviço ****; WC ***; Estacionamento *; Paisagem/Ambiente ***; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$$

Um comentário:

maria_maia disse...

Vem juntar-te a nós
quer sejas professor ou não.
Todos não somos demais
na MARCHA da INDIGNAÇÃO!!