quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Restaurante a Calçada

Restaurante A Calçada
Tel. 213632678
Calçada da Ajuda 107/109
Lisboa

A entrada é banal, sem grande luxo, nem nenhum ar especial de restaurante de referência. A meio da Calçada da Ajuda, ao lado esquerdo de quem sobe, está este espaço simpático para cerca de 60 comensais, digo eu, não sei, mas à volta disso.
Ao chegarmos, somos prendados com pratinhos de pimentos aveludados preparados com molho de azeite e alho, mexilhões de gaspacho, orelha de porco, saladinha de polvo, enfim, mimos simpáticos e de agradável confecção. Há que recusar alguns pratos, senão a refeição acabaria por ali.
As mesas são simpáticas, as cadeiras estilo Thonet, tão de meu agrado, que envolvem e aconchegam sem oprimir, e o serviço inclui toalhas e guardanapos de pano. Bom ambiente e boa frequência devido a proximidade entre outros, do Ministério da Cultura. Aliás, é casa que a Ministra Pires frequenta, facto que já presenciei várias vezes, no que quer que isso abone de seu gosto ou demanda de sabores. Controversa na acção e no estilo, mas na mesa, ao que parece, sabe escolher …E a gastronomia também é cultura… ou não?
Na ementa do chefe Laureano é frequente encontrar a chamada comida típica portuguesa. Temos as favas com entrecosto, alheira de caça, joaquinzinhos com arroz, sopa de cação, pataniscas, caril de frango caseiro, lulas recheadas, peixe e carnes várias para grelhar. Porco preto e caça são frequentes no menu. Feijoada à brasileira também, a qual, embora não seja produto nacional, está já tão divulgada entre nós, que começa a pertencer aos nossos cardápios sem surpresa. Um certo perfume alentejano nos sabores e na decoração, decerto propagado e transmitido pela proprietária, Dª Maria Helena, uma simpática e atenta anfitriã. Alentejana do Baixo Alentejo, sente-se no coração.
Há uma boa lista de vinhos, forte sobretudo nos tintos alentejanos, mas muito curta nos brancos, que continuam a ser o parente pobre de uma riqueza por explorar. Contudo, a carta de vinhos está a precisar de reforço e sobretudo de reorganização para melhor e mais rápida leitura. E maior abrangência também.
Darei relato das lulas recheadas com arroz, bem feitas e caseiras - não como umas já congeladas que começam a invadir o mercado e que são de fugir… Veio também um esparregado que estava bem confeccionado, nem amargo demais, nem excessivamente enfarinhado, como por vezes acontece.
Provei também o arroz de pato à antiga, que estava bem confeccionado, solto e simpático, embora, se fosse à antiga, nunca levaria bacon, modernice anglófila importada nos anos 80, no máximo. A tradição portuguesa manda, aliás, redescobrir o valor do toucinho de curtimenta nacional, mas isso são discussões académicas para outra ocasião.
Numa outra ocasião já experimentara no mesmo espaço, as favas aporcalhadas e o caril de frango caseiro, ambos bem apaladados e sinceros. E umas pataniscas que naquele dia estiveram em baixa de forma. Acontece. Na generalidade, a ementa é caseira e muito bem confeccionada, mantendo níveis muito agradáveis de compromisso qualidade-preço.
Provei também o leite-creme que não deslumbrou por aí além, mas é mesmo queimado na altura com ferro em brasa como pertence. Havia doces alentejanos, com a inevitável sericaia, mas não fui em tentações.
Decoração com detalhes típicos e serviço afável.
Casas de banho limpas. Estacionamento difícil.
Muito recomendável, na minha opinião.

Resumo:
Sala/Mobiliário ***; Porções ***; Tempo de espera ***; Confecção ****; Serviço ***; WC ***; Estacionamento *; Paisagem/Ambiente ***; Grau de satisfação geral ****
Preço $$$

Um comentário:

Anônimo disse...

O destino ditou que conhecesse este restaurante, e assim aconteceu. Gostei bastante. Ambiente despretencioso mas simpático.

Isabel